domingo, 30 de novembro de 2008

Bibliografia Religião e Globalizações

Religião e Globalização

Ruy Llera Blanes

Sinopse

Nas últimas décadas, a religião tem-se constituído como um dos grandes protagonistas dos debates sobre “globalização”. É, digamos assim, uma inevitabilidade: não é possível falar de globalização sem deixar de referir o papel da religião nos processos migratórios e no desenvolvimento de consciências globais. Todos recordamos, por exemplo, as reacções despoletadas no Médio Oriente por um cartoon num jornal dinamarquês. Nesta aula, pretende-se discutir as particularidades da dialéctica entre o fenómeno do religioso e as teorias da globalização.

Objectivos

- Debater o lugar da religião na teoria social contemporânea e nos principais discursos mediáticos sobre a “globalização”: religião e migração, religião e estado.

- Desenvolver uma perspectiva crítica sobre a teoria da globalização e sobre o conceito de “religiões globais”.

- Apresentar e discutir estudos de caso.

Bibliografia

Baumann, Gerd, 1999, The Multicultural Riddle. Rethinking National, Religious and Ethnic Identity. Londres: Routledge.

Berger, Peter, Grace Davie e Effie Fokas, 2008, Religious America, Secular Europe? A Theme and Variations. Aldershot: Ashgate.

Berger, Peter, 1999, The Desecularisation of the World: Resurgent Religion and World Politics. Londres: Eerdmans.

Carmo, Renato do, Ruy Llera Blanes e Daniel Melo (orgs.), 2008, A Globalização no Divã. Lisboa: Tinta da China.

Casanova, Jose, 1994, Public Religions in the Modern World. Chicago: University of Chicago Press.

Comaroff, Jean e John Comaroff, 1991, Of Revelation and Revolution, Volume One. Christianity, Colonialism, and Consciousness in South Africa. Chicago: University of Chicago Press.

Davie, Grace, 2002, Europe – The Exceptional Case. Parameters of Faith in the Modern World. Londres: Orbis.

Gilsenan, Michael, 1982, Recognizing Islam. Religion and Society in the Middle East. Londres: Tauris.

Hervieu-Léger, Daniele, 2005 (1999), O Peregrino e o Convertido. A Religião em Movimento. Lisboa: Gradiva.

Jenkins, Philip, 2007, God’s Continent. Christianity, Islam and Europe’s Religious Crisis. Oxford: Oxford University Press.

Levitt, Peggy, 2007, God Needs no Passport. Immigrants and the Changing American Religious Landscape. Nova Iorque: The New Press.

Martin, David, 2005, On Secularization: Towards a Revised General Theory. Aldershot: Ashgate.

Meyer, Birgit e Peter Geschiere (orgs.), Globalization and Identity. Dialectics of Flow and Closure. Oxford: Blackwell.

Meyer, Birgit e Annelies Moors (orgs.), 2006, Religion, Media and the Public Sphere. Indiana: Indiana University Press.

Taylor, Charles, 2008, A Secular Age. Nova Iorque: Belknap Press.

Vertovec, Steven e Alisdair Rogers (eds.), 1995, Muslim European Youth: Reproducing Ethnicity, Religion, Culture. Aldershot: Ashgate.

Van der Veer, Peter (ed.), 1996, Conversion to Modernities. The Globalization of Christianities. Londres: Routledge.

Vilaça, Helena, 2006, Da Torre de Babel às Terrras Prometidas. Pluralismo Religioso em Portugal. Porto: Afrontamento.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Convite - Visitem esta exposição-instalação- uma outra dimensão da globalização (migrações e mobilidades)


Still da Instalação de ISAAC JULIEN

WESTERN UNION: Small Boats | 5 projecções vídeo | Filme 35mm, cor, som surround, 18' |Transferido para DVD/HD, 5.1| 2007

WESTERN UNION: Small Boats de Isaac Julien encerra a trilogia de instalações audiovisuais iniciadas com True North (2004) e continuada com Fantôme Afrique (2005).

Estes trabalhos exploram o impacto da localização – tanto cultural como física – através de um retumbante efeito de justaposição de regiões globais em oposição.

Este novo trabalho de Isaac Julien, WESTERN UNION: Small Boats, aborda as viagens através do mar Mediterrâneo dos chamados “clandestinos”, que partem da Líbia, fugindo das guerras e da fome. Podem ser vistos como trabalhadores migrantes da economia, tais como outros europeus - “Anjos” na terminologia de Walter Benjamin -, testemunham o fracasso da esperança e dos sonhos da modernidade e erram agora através dos oceanos, alguns sem nunca chegarem, nem regressarem.

Expandindo a temática da viagem, excursão e expedição, WESTERN UNION: Small Boats, é produzido na era em que o avanço da comunicação global e das novas tecnologias são permanentemente celebradas. Uma das principais questões levantadas por este desenvolvimento é precisamente o papel do indivíduo neste fluxo de informação. A circulação das vidas humanas, os movimentos dos corpos e as histórias das suas vidas, tornam-se oportunas quando as políticas de imigração geram diariamente controvérsia e as relações entre nações são fonte de um permanente e alargado debate.

Esta exposição está no Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado até 2.01.2009

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Imagens e Globalizações (XII)



Proposta de Raquel Batista:

Estas fotografias já foram mostradas na aula, mas infelizmente, não pude dizer muito sobre elas porque a informação que levei era escassa. Contudo, posso adiantar que foram tiradas num sábado de manhã em plena Baixa de Lisboa há sensivelmente três semanas atrás. Pedi autorização para fotografar todo aquele 'cenário' a um dos elementos deste grupo musical e que me foi concedida, mas ou por uma questão de mau timing meu ou por não quererem mesmo aparecer, não consegui apanhar na imagem nenhuma das pessoas que estava por detrás daqueles instrumentos.


Poderão questionar-se o porquê de eu ter fotografado (ou quase) este grupo musical índio e não outra coisa qualquer. A verdade é que tanto poderia ter fotografado esta situação como poderia ter fotografado o turista que estava nesse preciso momento ao meu lado com a sua câmara de filmar que deve ter ficado fascinado com o facto de se estar a passar numa aparelhagem, em plena rua, covers em flautas Pan de músicas cantadas em inglês que possivelmente até conheceria.

Se o tivesse feito, iria captar o "outro" a ver o "outro”, o que daria outro tema de conversa. Penso que mais do que isso, queria antes o lado de quem se representa a si mesmo, e de que forma o faz. Apesar de não se comprovar pelas fotos, posso dizer que estas pessoas estavam completamente trajadas a 'rigor', querendo muito possivelmente mostrar que ali, a tradição ainda se mantém. Não pondo em causa se isso é realmente verdade ou não, neste caso em específico, acho que é válido argumentar que em grande parte não passa de uma “teatralização” dos mesmos em torno da imagem que querem de dar de si.

Apesar de se passar numa zona onde o trânsito de pessoas de diferentes backgrounds culturais é enorme e de isso criar um certo hábito, não deixa de ser fascinante presenciar as trocas culturais que se fazem a partir daqui e de que forma as pessoas trabalham imagens e conteúdos que querem fazer passar nestas mesmas trocas

Imagens e Globalizações XI




Raquel Santos

Escolhi esta imagem porque achei curioso o facto de uma menina marroquina estar vestida como qualquer criança ocidental e a brincar com uma boneca Barbie, a qual simboliza um padrão de beleza e vida ocidental (consumista), no entanto, a boneca está vestida com os trajes tradicionais da região. Podemos dizer que a dimensão é cultural e económica ( consumo) e os fluxos são de imagem, bens e capital.

Pietro Tessadori intitula a sua proposta de foto como "Relações entre as pessoas na era da globlaização e sugere as seguintes imagens:



quinta-feira, 30 de outubro de 2008

A propósito da conferência de Arjun Appadurai

Podemos viver sem o outro?
Como (con)vivemos com o outro?
Quem é o outro?

Esta é a proposta de exercício a partir da conferência de Arjun Appadurai para a qual vos convidamos a participar aqui. Eventualmente, poderão sugerir e seguir outras pistas de comentário ou outros trilhos analíticos. Deixamos também o convite para a leitura da conferencia de Homi Bhabha publicada no livro A urgência da Teoria a propósito da noção de tradução e de cosmopolitismo vernacular.

Imagens e Globalizações (X)




Proposta de Isabel Nobre

A primeira fotografia foi partilhada na aula. Contexto: Foi tirada em S.Tomé e Principe, na Praia de Malanza. Pensei na Imagem como representação do fenómeno de Globalizações porque o menino veste uma t-shirt do Sporting. Embora não saiba em que contexto a recebeu, se entretanto já passou por outros miúdos antes dele não sei, mas a verdade é que o futebol acaba por ser, também devido a toda a sua envolvente, um fenómeno que representa todo este sistema Global. Na aula referi que foi estranho encontrar a T-Shirt neste sítio porque é uma aldeia completamente refundida, onde os miúdos raramente viram um branco e fogem a correr quando se deparam com algum. Têm medo e chegam mesmo a chorar!
Decidi partilhar a segunda fotografia para mostrar bem o contraste, a menina que traz as roupas rotas, fenómeno geral na aldeia, e o menino com uma t-shirt de um dos mais reconhecidos clubes de Portugal. O que eu acho que terá acontecido: um voluntário de missões internacionais de solidariedade passou por lá e terá oferecido a dita t-shirt, porque esta aldeia não é local de Turismo por ser tão difícil lá chegar. Penso que terá sido uma tentativa de transpor o amor ao Clube para outra cultura, ou então foi simplesmente na mala juntamente com outras coisas que a pessoa tencionava lá deixar. Normalmente o enfoque está sempre nas crianças, leva-se lápis, bolas, brinquedos "ocidentais" mas que já são comercializados por toda a parte do mundo. Duvido, embora seja possível que esta t-shirt tenha sido comprada porque acompanham os jogos na televisão. Se tivesse sido num local mais central onde o acesso à informação é facilitada acredito que sim. Achei curiosa esta imagem mas fiquei com penade não ter investigado mais sobre a história do porquê o Sporting!!

domingo, 26 de outubro de 2008

Imagens e Globalizações IX


Proposta de Umme Salma

Um exemplo de globalização contemporânea: a indústria transnacional dos call-centers indianos, onde se jogam os fluxos globais de tecnologia de informação. Um call center na India responde aos pedidos de pizza em Manhattan.

A pessoa com um sotaque estranho pergunta se quer extra-queijo, se a pizza é grande, pequena ou média. Que bebida vai desejar e como tenciona pagar. Repete o pedido, para que não haja falhas na comunicação, faz a conta, pede o número do cartão de crédito. Diz ao consumidor faminto o número de minutos que tardará a chegada da pizza. O conhecimento de que o serviço em questão está na India implicaria um "extra queijo global", um caminho muito mais longo a percorrer em oposição à ideia de fast-food, de pizza "around the corner". Talvez por isso, omite-se que o serviço é prestado por indianos, na India. Os indianos Raja, Salim ou Sonali passam a ser John, Peter ou Sally, para satisfação do cliente norte-americano. Não deveria interessar de onde são na verdade, porque provavelmente será um imigrante indiano ou paquistanês a pôr a dita pizza no forno... A representação e a omissão como política cultural da indústria; a camuflagem ou o anonimato escondem a realidade da globalização, que é bastante ilusória.